As mudanças climáticas têm tornado os furacões mais intensos e frequentes, como apontam diversos estudos recentes que mostram a ligação entre o aquecimento dos oceanos e a intensificação desses fenômenos. À medida que as temperaturas dos oceanos aumentam, os furacões se fortalecem mais rapidamente, levando pesquisadores a discutir a necessidade de criação de uma nova categoria na escala de classificação de furacões: a categoria 6.
Aquecimento dos oceanos e intensificação dos furacões
O aquecimento dos oceanos é uma das principais consequências das mudanças climáticas que impactam diretamente os furacões. Segundo a professora Andra Jenn, do Departamento de Ciência Ambiental da Rowan University, 90% do calor gerado pelas emissões de gases de efeito estufa foi absorvido pelos oceanos. Seu estudo, publicado na revista Scientific Reports em 2023, revelou que tempestades no Atlântico Norte têm 29% mais chance de intensificação rápida atualmente, em comparação com as ocorridas entre 1970 e 1990. Além disso, essas tempestades têm o dobro de chance de evoluir de categoria 1 para 3 em apenas 36 horas.
Jenn compara o impacto do aquecimento dos oceanos à adição de “uma dose extra de cafeína ao café da manhã”, fornecendo às tempestades um combustível que as torna muito mais fortes.
A discussão sobre a categoria 6
Atualmente, a escala Saffir-Simpson, criada nos anos 1970, classifica os furacões de 1 a 5 com base na velocidade dos ventos. A categoria 5 inclui furacões com ventos superiores a 252 km/h. No entanto, furacões recentes, como o Milton, que atingiu a Flórida, têm mostrado que a categoria máxima pode não ser suficiente para medir a intensidade dessas tempestades, que se tornam cada vez mais potentes.
Um estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) apontou que pelo menos cinco furacões entre 1980 e 2021 ultrapassaram os critérios da categoria 5. O cientista Michael Wehner, um dos autores do estudo, atribui esse fenômeno ao aquecimento dos oceanos e alerta que furacões extremamente intensos, como o Milton, estão se tornando mais comuns.
Wehner e outros pesquisadores defendem a criação de uma nova categoria, não apenas para modificar a escala existente, mas para conscientizar sobre os riscos cada vez maiores que as mudanças climáticas trazem. Andra Jenn reforça que uma categoria 6 poderia ajudar na comunicação sobre a gravidade dessas tempestades, mas ressalta que qualquer furacão das categorias 4 ou 5 já tem potencial para causar danos catastróficos.
Essa nova categoria, se adotada, destacaria a crescente ameaça das mudanças climáticas, enfatizando a necessidade urgente de ações globais para reduzir as emissões e mitigar os impactos ambientais.
Fonte: G1