A mortalidade materna é muito influenciada pelas condições socioeconômicas da população.
No “Dia Nacional de Combate à mortalidade materna”, comemorado em 28 de maio, a Maternidade do Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro (HBAP) destaca a importância do reforço nos cuidados sanitários e distanciamento social para grávidas e puérperas, mães que acabaram de ter bebês. Devido à nova cepa do coronavírus, todas as mortes registradas este ano pela maternidade estão relacionadas à covid-19.
A mortalidade materna é muito influenciada pelas condições socioeconômicas da população. A coordenadora do Centro Obstétrico e da Maternidade do HBAP, médica obstetra Denise Nocrato, explica que em média 40% a 50% das causas poderiam ser evitadas com a realização do pré-natal por parte das mães. “As doenças que mais resultam em complicação são a diabetes gestacional e a hipertensão arterial que pode evoluir para pré-eclâmpsia. Estas duas doenças estão entre as principais causas das internações na enfermaria da maternidade do HBAP”, salienta a coordenadora.
Ainda segundo ela também são incluídas no perfil de gravidez de alto risco mulheres com histórico de comorbidades como obesidade, gestantes com idade avançada e até menores de idade (- 14 anos), que em decorrência do condicionamento físico, têm dificuldades quanto aos órgãos reprodutivos. Mas, para a gravidez ser considerada de alto risco, é necessário a realização de exames médicos e existir a probabilidade de em decorrência da doença pré-existente, tanto a mãe quanto o feto correrem risco de morte, o que inclui situações que levam ao aborto ou nascimento prematuro. “Diante do risco suspeito ou constatado, o acompanhamento e a atenção pré-natal devem ser monitorados precocemente e com maior frequência. Gravidez de risco exige mais cautela por parte da gestante. O exame pré-natal é uma das medidas fundamentais para garantir a saúde da mãe e do bebê”, pontua a médica.
Foi o caso da funcionária pública, Lirane Andrade, que já é mãe de dois filhos e está grávida de quatro meses do terceiro. Por ter gravidez de alto risco vem sendo acompanhada pela maternidade do HBAP. Ela ressalta que “é importante ter esse atendimento especializado não só das mães, mas também dos bebês, já que quando a gente sai daqui já tem todo o acompanhamento também no Oswaldo Cruz (Policlínica)”, destaca a paciente que está internada há 13 dias na maternidade para estabilizar o quadro de saúde.
Essas medidas reforçam o principal objetivo da atenção pré-natal e puerperal que é garantir o bem-estar materno e fetal. Para isso, as mulheres com gravidez de risco devem ser identificadas pelas equipes de saúde ainda na atenção primária prestada pelos municípios, o mais precocemente possível, no início ou até mesmo antes da gestação. “Reconhecer, acompanhar e tratar as principais causas de morbimortalidade materna e fetal e estar atentos às intercorrências durante a gestação e puerpério é fundamental”, garante a coordenadora, que explica ainda que “em Rondônia, a partir de ações realizadas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), o Estado vinha conseguindo reduzir o número de casos nos últimos anos, mas com a chegada da pandemia do coronavírus os casos voltaram a disparar, tendo em vista que as grávidas e puérperas estão incluídas no grupo de risco”.
ESTATÍSTICA
Em 2020, em todo o Estado de Rondônia foram registrados 18 casos de mortalidade materna, sendo que três mortes estavam relacionadas à covid-19. Já em 2021, até o momento já são 20 casos, sendo que todas as mães estavam contaminadas pelo coronavírus. “Algumas nem chegaram a ter os bebês, mas a grande maioria das mães morreu logo após o parto depois de ter contraído a doença, por isso a importância da vacinação e o distanciamento social tanto para grávidas quanto para as puérperas”, orienta a médica.
Secom – Governo de Rondônia