Estudo compara os primeiros seis meses de 2019 com o primeiro semestre deste ano. Pesquisa diz que o desmatamento no estado está intimamente ligado ao processo de ocupação, a contar da construção da BR-364.
Rondônia teve um aumento de 29% nas áreas de desmatamento no primeiro semestre de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019. É o que aponta um estudo do Laboratório de Geografia e Cartografia (LABCART), da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
A análise tem como base dados do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foi contabilizado que de janeiro a julho do ano passado, Rondônia perdeu 31.993,681 hectares de floresta, sendo que 38,5% desse total foi em maio.
Já no mesmo período de 2020, foram registrados danos em 41.258,206 hectares e o mês com maior quantidade de desmate foi abril, representando 28,6% do valor total.
Nos dois anos, Porto Velho foi a cidade que mais desmatou no estado. Segundo a pesquisa, o ranking comparativo dos municípios que mais desmataram indica a “manutenção” das infrações no meio ambiente — pois acontecem mudanças nas posições, mas várias cidades permanecem encabeçando a lista, como: Candeias do Jamari, Nova Mamoré e Cujubim.
No contexto da pandemia
Para os pesquisadores, um dos fatores responsável pelo aumento do índice de desmatamento é a pandemia da Covid-19.
“Visto que as atenções estavam focadas em “conter”, “combater” e “controlar” o avanço do vírus no Brasil, madeireiros, grileiros e outros (no qual denominamos de infratores), viram a oportunidade de avançar a degradação das florestas e do meio natural, com vendas de madeira ilegal, queimadas, derrubadas e etc. Todo esse aspecto conjuntural, contribui para este aumento”, consta na pesquisa.
O início do desmatamento em Rondônia
O estudo da Unir cita ainda que o processo de desmatamento no estado está intimamente atrelado ao processo de ocupação, a contar da construção da BR-364 e implantação dos projetos de assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) próximo das décadas de 1970 e 1980.
O aumento populacional devido os movimentos migratórios possibilitou a expansão da fronteira agrícola e, consequentemente, tornou-se responsável pela substituição da floresta pela: agricultura, derrubada de madeira, construção de estradas e pastagens, conforme analisado pelos pesquisadores.
A cobertura florestal retirada gera graves desequilíbrios para o meio ambiente, como a perda da biodiversidade e aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera.
O ensaio do LABCART foi intitulado de “Rondônia: Nossas Matas, Tudo Em Fim”, fazendo referência ao hino do estado e está disponível no site da universidade.
G1 RO